terça-feira, 27 de agosto de 2013

Ectoparasitose em aves de gaiola.

ECTOPARASITOSE EM AVES DE GAIOLA  

Guilherme Augusto Marietto Gonçalves Médico Veterinário e Biólogo - UNIMONTE/Santos-SP Residência Médica Veterinária Laboratório de Ornitopatologia/FMVZ-UNESP/Botucatu-SP
E-mail: gmarietto@hotmail.com
- gmarietto_ornito@fmvz.unesp.br
Arquivo Editado Em 25 Abril 2010
Revista EXPO-SOL 2008
Ectoparasitoses aviárias são infestações de parasitas externos que colonizam as penas e a pele das aves, onde podemos encontrar desde piolhos, ácaros e carrapatos, até percevejos e moscas parasitando estas estruturas, se nutrindo das penas, descamações de pele e secreções, como também de sangue (hematófagos).
São parasitas que normalmente são de difícil detecção por serem extremamente pequenos para serem observados ao olho "nu" (ácaros), rápidos (piolhos) e esporádicos em seus hospedeiros (percevejos e moscas) ou por parasitarem aves somente em algumas fases da vida (carrapatos).
Os parasitas não-hematófagos não acarretam em nenhum tipo de doença específica, porém causam muito desconforto quando em grande infestação, o que indiretamente pode interferir na reprodução (por causa de estresse), interferirem num bom empenamento, ou ainda apresentar um mau aspecto físico, no caso das espécies que se nutrem de penas, o que costuma causar reprovação em campeonatos e concursos de beleza, como também na comercialização de exemplares de aves.
As espécies hematófagas, além de incomodar seus hospedeiros, podem causar anemia (quando em grande infestação), como também transmitir bactérias, vírus e parasitas sangüíneos para as aves através da picada.
Estes parasitadas em aves costumam parasita r as mesmas regiões do corpo, principalmente os locais que costumam apresentar uma temperatura mais agradável como região periférica aos olhos, narinas, bico e cloaca, por entre o pescoço, nuca, axila, virilha e uropígio, para assim melhor manter suas atividades fisiológicas.
Os piolhos costumam serem encontrados por quase todo o corpo das aves, tendo predileção principalmente para nuca, pescoço, axila e virilha, mas sempre observados entre as penas e a pele. Só são observados por cima das penas quando em alta infestação. Cada espécie de piolho costuma apresentar uma região específica de fixação, sendo que na maioria das espécies apresentam um hospedeiro específico, parasitando no máximo aves do mesmo gênero, em alguns casos da mesma família, ou seja, por exemplo, um piolho de pombo nunca parasita um canário, pode talvez parasitar uma outra espécie de pombo (que não a sua de preferência) ou acidentalmente uma rolinha. Em aves são encontrados apenas piolhos mastigadores, ou seja, que se alimentam de penas e estruturas da pele, não havendo nenhuma espécie hematófaga conhecida.
Ácaros externos em aves são uma presença constante em grandes criações de aves onde podemos encontrar espécies que parasitam a pele (Laminosioptes cysticola, Epidermoptes bilobatus e Rivoltasia bifurcata), canhão das penas (Syringophilus bipectinatus e Syringophilus columbae) e superfície das penas (Megninia spp., Analges spp., Dermoglyphus spp. e Falculifer rostratus). Causam muito desconforto em seus hospedeiros e podem causar infecções secundárias as suas lesões. É extremamente difícil de serem eliminados em um plantei grande de aves, sendo muito mais fácil previnir a entrada destes em uma criação.
Algumas espécies de carrapatos de mamíferos utilizam aves como hospedeiros em sua fase inicial de vida (estágio de ninfa), sendo comum observar em aves de porte grande como faisões, pavões e outras aves que apresentam grande parte de suas atividades no solo, podendo inclusive ser encontrados, em menor freqüência, em aves de pequeno porte, neste caso podendo ser até fatal em casos de grande infestação por causarem exanguinação. Existe duas espécies de carrapatos muito pequeno conhecido como "ácaro vermelho" (Dermanyssus gallinae) e "Piolhinho dos ninhos" (Ornithonyssus sylvarium e Ornithonyssus bursa) que parasitam várias espécies de aves, podendo parasitar o homem (causando uma dolorosa irritação cutânea), responsável por grandes prejuízos por óbito e por causar muito estresse nas aves. São verdadeiras pragas difíceis de serem exterminadas, mas não impossível de se obter o sucesso em sua eliminação.
Algumas espécies de mutucas (moscas hematófagas) e percevejos hematófagos podem parasitar casualmente aves com regiões da pele desnudas (sem penas) causando grande desconforto por sua picada dolorida e estresse, além de também poderem veicular doenças para as aves.
Como já comentado, a eliminação de ectoparasitas em grandes criações aviárias é extremamente difícil, pois exige-se de preferências um tratamento individualizado (ave por ave) e um grande controle ambiental, pois grande parte das criações são contaminadas por aves soltas, sejam por freqüentar o mesmo ambiente das aves cativas para alimentar-se ou por manter residência ou mesmo nidificar perifericamente ou nas mesmas instalações das criações.
Torna-se chave não permitir a entrada de pombos, pardais e outras aves de vida livre nas dependências das criações, impedir a fixação de residência destes, oferecer diretamente ou indiretamente alguma fonte de alimentação na criação.
Para tratamento de ectoparasitas é necessário muito cuidado, pois grande parte dos parasiticidas encontrados disponíveis no comércio são tóxicos para aves, muitas vezes além de eliminar o parasita, acaba-se eliminando as aves também. Para o uso tópico existem talcos específicos para aves, assim como também medicamentos líquidos aplicados de forma "poor-on", que presentam muita eficiência no controle. Porém não se pode esquecer de desinfetar gaiolas, poleiros, comedouros, paredes, telhados e utensílios da criação com produtos específicos, pois muitos parasitas não ficam fixados diretamente em seus hospedeiros e utilizam o contato mecânico para infestar outras aves.
Torna-se importante também nunca realizar um tratamento com produtos químicos em aves sem a orientação de um médico veterinário especializado em medicina de aves e logicamente nunca manipular inseticidas sem os devidos cuidados, pois além de eliminar os parasitas e acidentalmente intoxicar as aves, você também pode se intoxicar.