terça-feira, 2 de novembro de 2010




 TREINAMENTO PARA TORNEIO
escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 02/09/2003
Texto retirado do livro Criação de Curiós e Bicudos de Aloísio Pacini Tostes O treinamento para torneio tem que ser gradativo. Depois que o pássaro estiver bem acasalado, acostumado com os passeios de carro, estarão aptos a iniciar o treinamento. Começa-se levando o bicho para duelar de longe com pássaros de algum amigo. É preciso chegar devagar a uma distância onde seu pupilo ouça o canto do outro, bem de longe. Vá então se aproximando aos poucos, observando o comportamento do aluno. Se ele começar a cantar ou estiver dando quem-quem, pode-se chegar mais perto, até à distância mínima de uns dez metros. Pendure-o nesse local e deixe-o cantar à vontade, no máximo por uma hora. Em outros dias repita esse procedimento algumas vezes e vá diminuindo a distância para até uns cinco metros no mínimo. Varie de parceiro. Visite outros passarinheiros que estejam dispostos a colocar seus pássaros para fazer dueto. Daí em diante, vá observando a evolução e o desenvolvimento da ave. É interessante o dueto escondido, onde os pássaros são colocados bem próximos um do outro, com uma tábua como separador para que não se vejam. Esse treinamento não pode exceder nunca o tempo de uma hora. Não o repita muito, exerça-o, no máximo, umas cinco vezes em dias diferentes e cuidado para não viciar a ave a cantar somente escondida da outra. O bicudo e o curió apreciam muito dar um passeio com o tratador segurando a gaiola na palma da mão. Esse passeio deve ser dado a pé por perto de casa, principalmente na parte da manhã. Excetuados os dias de muito vento, o passeio pode ser por três vezes na semana, com a duração de meia hora cada. É um tipo de exercício que ajuda muito no entrosamento entre o pássaro e o passarinheiro, os resultados sempre são os mais positivos. Após o passeio, colocar o pássaro para tomar banho e pendurá-lo na sua morada após a secagem. Os bicudos e curiós têm, também, verdadeira adoração por avistar os brejos, por isso, é sempre salutar dar um passeio com eles até esses locais. Mormente no início do treinamento, logo após a fase da lustração, é que se encontra o melhor momento para esse tipo de preparação. De preferência, deve-se começar levando o pássaro ao brejo duas vezes por semana, apenas em companhia de sua respectiva fêmea. Faça uma estaca e coloque-o em um local limpo e alto, onde aviste toda a cercania. Pendure-o sempre no mesmo lugar. Esconda a fêmea numa moita de capim, onde o macho escute o piado e não a veja.Importante lembrar que a melhor hora de ir ao brejo é na parte da manhã, às primeiras horas. Contudo, na parte da tarde, depois das dezessete horas, também traz bons resultados. Depois de estar respondendo bem ao canto de outro macho, já se poderá levá-lo ao brejo em companhia de outros, esclarecendo que, nesses casos, não se deve colocá-los muito próximos e nem durante muito tempo. Uma hora é o espaço ideal de tempo. Outra recomendação a ser observada é o cuidado com cobras e micos que costumam viver em abundância nos brejos, porque, ao menor descuido, poderão atacar os pássaros e matá-los. Assim que se notar que a ave está totalmente aberta, os passeios aos brejos devem diminuir para não desgastá-la. O treino de roda consiste em acostumar, gradativamente, a cada semana, o pássaro a cantar perto de outro, visando adaptá-lo para facilitar o desempenho dele nos torneios. Nas primeiras vezes deve-se colocá-lo mais afastado, para que vá conhecendo o ambiente, a estaca e sinta-se seguro e confiante. No treino, não o mude de lugar. Quando for necessário, faça-o com estaca e tudo, sem pegar na gaiola. No início o treinamento não deve passar de uma hora. Se o desempenho dele estiver satisfatório, podemos ir aproximando-o dos outros um pouco de cada vez. Assim sendo, escolhido o dia, como teste final, logo na chegada, a ave poderá ser colocada no meio de dois pássaros, à distância de 20 cm de cada, como se fosse em um torneio. É normal que um pássaro inexperiente queira ficar procurando briga com o vizinho, mas se ele estiver de vez em quando dando um canto é um bom sinal. Naturalmente, aos poucos ele vai se desinibindo e começa a cantar a intervalos mais curtos. Não se deve esquecer que o pássaro, para enfrentar um treino de roda, tem que estar bem acasalado, totalmente aberto e muito embalado. Os passarinheiros novatos precisam estar preparados para o pior, isto é, muitas vezes o cuidado dedicado não resulta em sucesso. Apesar do esforço, o pássaro não corresponde e não apresentará jamais o desempenho que se esperava dele. Às vezes as coisas não se acertam. Fazemos tudo o que é melhor e mais lógico e nada dá certo. No treinamento da ave tudo é difícil e tudo pode acontecer. Por isso, a grande satisfação quando obtemos sucesso. Os ornitófilos mais experientes sabem perfeitamente que não é fácil encontrar um craque. O jeito é não desistir e procurar analisar se houve algum tipo de erro na preparação ou se o pupilo é que não prestou. Daí a importância da escolha de aves de boa linhagem genética para que o erro, por causa da qualidade do pássaro, seja menor. Outro aspecto importante é saber que não existe perfeição. Por melhor que seja nossa ave, sempre deverá apresentar uma deficiência. Precisamos descobrir com o tempo qual é o problema e procurar contorná-lo.


ROTINA DE ACASALAMENTO PARA TORNEIOS
escrito por Aloísio Pacini Tostes, em 02/09/2003
A rotina mais usada na forma de trabalhar o pássaro com a sua fêmea, notadamente no período dos torneios, obedece aos seguintes procedimentos: - só sair de casa para passeio com pássaros em grupos, se cada um estiver junto com sua respectiva fêmea; - não usar a fêmea para dois machos diferentes, e vice-versa; - não deixar a fêmea botar ovo na época em que o macho esteja participando de torneios. Pode fazê-lo ficar choco e inutilizá-lo para a temporada. Evite colocar ninho na gaiola; - colocar os dois (macho e fêmea), para dormir se vendo, na quarta-feira, a uma distância de 20 centímetros uma gaiola da outra. De manhã cedo, na quinta-feira, afastar as gaiolas, o mais possível; e - na véspera do torneio, além de viajarem juntos, cada um em sua gaiola, devem assim ficar até o início da disputa. Procure deixá-los sempre encapado com capa dupla, não desgasta, não deixa os machos passarem fêmea e possibilita manusear muitos casais, depois de colocados lado a lado na véspera do torneio só devem ser abertos por poucos momentos antes do início do torneio; - depois do torneio, deixar os dois se vendo até o dia seguinte de manhã, para evitar que o macho fique rouco de tanto cantar; - nos outros dias, afastar a fêmea, para conseguir-se que o macho não fique super excitado ou passado de fêmea; é necessário também que a fêmea não entre em processo de nidificação, o que é um desastre para um pássaro em regime de disputa de campeonato; - se a fêmea estiver abaixando, pedindo gala, não deixe que o macho a veja na véspera do torneio. Pode-se usar uma outra fêmea estepe, de preferência fria, para substituir a titular provisoriamente e por muito pouco tempo; - alguns criadores criam vícios nas aves e utilizam na véspera do torneio a técnica de substituir a fêmea por outra. Nesses casos, usam duas fêmeas para um só macho, uma para viajar e acompanhar os machos nos torneios e outra para acasalar normalmente em casa; - alguns curiós, na véspera dos torneios, gostam de ficar juntos com fêmeas estando as duas gaiolas com os passadores abertos; - para mostrar a fêmea para o macho, existem muitas maneiras: ver por cima, ver por um buraco bem pequeno, ver de longe, ver de perto. Cada pássaro gosta de um jeito. Descubra qual, baseado no desempenho dele nos torneios; - feito o acasalamento procure nunca mais trocar a fêmea, principalmente se os resultados forem positivos, isso porque eles são muito fiéis e, à medida que o tempo passa, vão se entendendo cada vez mais. Há, todavia, casos em que o macho que enjoa de sua fêmea depois de uma ou mais temporada; se isso for percebido, pelo baixo rendimento, deve-se trocar a companheira. Pelo que vimos acima, dá para se perceber como é complicado fazer acasalamento. Não há uma regra geral precisa. O sucesso permanente de uma ave vai depender muito da forma utilizada pelo criador. Convém agir com simplicidade, não criando manias exageradas que podem habituar o pássaro a modos esdrúxulos de acasalamento. Por isso é que um pássaro pode se sair muito bem na mão de um criador e na de outro ser um fracasso, justamente por não se conseguir saber como agia o proprietário anterior ou não se ambientar com a nova mão. 11.10 - Manejo para torneio de fibra Pássaro de torneio, especialmente, de fibra, como já foi dito, tem que ser tratado com muito cuidado. Todos os anos a rotina deve ser repetida. Quando saem da muda, estão frios e fechados. No início da temporada deve-se trabalhar muito mais do que no final, levando em conta que depois que o bicudo ou curió adquirirem fogo, isto é, estiverem abertos, o trabalho é manter a forma com menos intensidade no manuseio. Começa-se passeando bastante com cada um, isoladamente. Enquanto o pássaro não estiver totalmente aberto, carregue-o somente com a sua fêmea para passear. Quando perceber que ele está cantando forte e de fogo, aí sim, pode-se levá-lo acasalado junto com outro casal. Também é salutar que escutem de longe o canto de outro bicudo ou o canto de outro curió, estranhos para eles, estimula e serve para irritá-los. Não se deve nunca ficar trocando de lugar na casa o pássaro de torneio. Depois que voltar do passeio, trocar a água da banheira e colocá-lo, de imediato, no prego. Lembrar que a ave de torneio é como um cavalo de corrida, terá que ficar sempre recolhida obrigatoriamente no seu prego, à exceção dos momentos de passeio e exposição ao sol. Quando o passarinheiro entender que pendurar a ave para cantar do lado de fora da casa melhora o desempenho, deve procurar não exceder o prazo de trinta minutos por dia. Se passar disso seu desempenho no torneio ficará prejudicado, principalmente para o de fibra.

Ref.: http://www.bicudomaracaja.com.br/index.php?secao=manejo