sexta-feira, 7 de junho de 2013

AS AVES HALF-SIDERS

AS AVES HALF-SIDERS 
Maurice Pomarède – França
http://sigma.mgconecta.com.br/~dvale/halfside.html

Curiosidade de criação, os half-siders são as aves cuja plumagem reúne num mesmo indivíduo fenótipos pertencentes a variedades ou sexos diferentes. Seu estudo tem interesse genético e biológico.
Observações 
As aves half-siders se caracterizam por uma plumagem que reúne, num mesmo indivíduo, caracteres pertencentes a duas variedades diferentes. 
Aparecidas em criações, mas também na natureza, estas aves são chamadas half-siders pelos ânglo-saxões, que se poderia traduzir por "duas metades, lado a lado". As obras científicas citam aves apresentando uma plumagem de macho num lado do corpo e de fêmea no outro; este é o caso de um dom-fafe Pyrrhula pyrrhula que surgiu na Bélgica, onde o peito e o ventre eram vermelhos somente de um lado. 
Criou-se para essas aves o termo de ginandromorfismo (aspecto metade masculina, metade feminina). Na França, a atenção sobre os half-siders começou em 1980 onde, no Campeonato Mundial de Nice, pôde-se ver um canário vermelho de um lado do corpo e prateado do outro. Este pássaro apareceu no criadouro de J.C. Boujel, de Courfaivre (Suíça), sendo assinalado por Michael Veya; era do tipo ágata sobre todo o corpo (bico e supercílios claros, curtas marcas negras sobre o dorso etc.), porém colorido em vermelho somente de um lado. A partir desta data, comecei o estudo destas aves que chamei de bicolores simétricas. E desde então numerosos casos me foram revelados.
As aves half-siders parecem ser bem raras na natureza bem como também o é em criação. Mais uma ave é freqüente e mais o fenômeno é observado; é provável que a consangüinidade seja mais ou menos importante, pois é devido a isso que muitas aves tendo uma mesma origem favorece o aparecimento dos half-siders. Mas a consangüinidade não é a causa. No canário se observou muitas vezes pássaros brancos de um lado do corpo e amarelo do outro. O canário metade vermelha, metade prateada não é um caso particular, mas geral; nele o vermelho substitui o amarelo depois de uma alimentação rica em carotenóides de síntese. A oposição de cores é máxima nos casos de canários lipocrômicos (sem melaninas), mas ela é bem aparente nos canários melânicos que se colore de vermelho: somente uma metade do corpo fixa o corante. Um outro caso se refere aos canários de topete de um só lado da cabeça, que mostra que o fenômeno não atinge somente à cor da plumagem.
No periquito ondulado foram registradas várias aves metade verde, metade azul. O caso mais recente ocorreu na Bélgica. Mas já apareceram também periquitos ondulados metade cinza, metade azul, ou então metade verde, metade cinza-verde. Half-siders ocorreram também em calopsita (metade branca, metade cinza), em agapornis de cabeça vermelha ou roseicollis (metade malva, metade azul) etc. Nos pequenos exóticos foram assinalados em diamantes mandarins e nos diamantes de gould com metade masculina, metade feminina, goulds com máscara metade vermelha, metade alaranjada. Em certos casos pode-se ter quatro caracteres diferentes reunidos numa mesma ave. Este é o caso que recentemente ocorreu na Espanha, um gould com metade masculina, metade feminina, mas igualmente com máscara metade vermelha, metade negra.
Pode-se observar então uma grande diversidade de half-siders. Mas os cruzamentos entre diferentes variedades de uma mesma espécie mostram que todas estas aves reúnem caracteres relevantes de genes alelos e que eles se comportam como heterozigotos em um cruzamento; o periquito metade azul, metade verde se comporta como um periquito verde portador de azul. O canário metade branca, metade amarela se comporta como um canário branco dominante (este tem somente um fator branco dominante) etc. Até agora, entretanto, as aves com metade masculina, metade feminina não parecem ter dado descendentes, limitando-se o estudo ao seu comportamento.
Levando-se em conta as observações realizadas, a probabilidade do aparecimento de um half-sider num criadouro é bem maior em espécie originada de mutações de plumagem e, a seguir, de indivíduos heterozigotos. Ela poderia ser por volta de 1/1000. Na natureza a ausência de linhagens mutantes limita o fenômeno half-sider aos casos de ginandromorfismo.
Interpretação 
Os half-siders são o resultado de uma anomalia no curso do desenvolvimento embrionário, anomalia que tem por efeito revelar um caractere normalmente escondido.
A genética nos ensina que cada um dos nossos caracteres depende de um par de genes, vindo de um pai, o outro da mãe do indivíduo. Um deles pode ser dominante e impõe o caractere correspondente; o outro gene (dito recessivo) passa então desapercebido. Tomemos o caso dos periquitos ondulados azuis; neles um gene B dando uma plumagem verde, sendo mutado em um gene b dando uma plumagem azul, e isso a seguir da ausência do carotenóide que dá a origem do componente amarelo do verde da plumagem. Um periquito verde nascido de periquitos verdes de dois fatores B e um periquito azul filho de periquitos azuis de dois fatores b. Seus cruzamentos dariam um periquito sendo Bb; ele seria verde, mas portador de azul. Realmente constata-se isso cruzando-se entre eles seus descendentes; alguns periquitos azuis podem aparecer no meio dos verdes.
Mas se este periquito for Bb poderá dar um half-sider! Normalmente todas as células que nascem de ovo inicial são Bb, pois os cromossomos portando os genes desdobram-se antes de serem repartidos entre duas células filhas. Assim Bb dá BB bb, depois Bb e Bb. Imaginemos que a seguir de um acidente esta repartição seja perturbada e que se tenha BB bb depois BB e bb e que o acidente sendo bem precoce, uma metade do corpo receba BB e a outra bb; isso resultará num periquito tendo um lado verde (com BB) e que o outro será azul (bb). Esta explicação vale também para o ginandromorfismo pois uma ave masculina tem dois cromossomos sexuais X enquanto a fêmea apenas só tem um. 
Suponhamos um ovo masculino, então sendo XX, tendo uma anomalia no desenvolvimento embrionário faz desaparecer um dos X na metade do corpo.
Então se terá um indivíduo que será macho de um lado tendo recebido dois X e fêmea de outro tendo recebido um só. Esta explicação foi dada pelo geneticista T.H. Morgan, especialista das drosófilas, entretanto com uma diferença: fora as aves, os machos (o homem) têm um só X e as fêmeas (a mulher) 2. Isso permite explicar os dom-fafes, os mandarins ou os goulds tendo uma metade do corpo macho e outra fêmea. Quando 4 caracteres se acham anormalmente reunidos num mesmo indivíduo dois casos são possíveis. Ou se está na presença de caracteres relevantes do mesmo par de cromossomos, anormalmente divididos, ou então na presença de genes ligados, onde dois pares de cromossomos foram anormalmente divididos. Esta segunda hipótese é somente possível quando certos caracteres estão ligados ao sexo e os outros não; este é o caso do gould ginandromorfo de peito metade branco. É evidente que um acidente genético, limitado a um par de cromossomos é muito mais freqüente que um acidente concernente a muitos pares, e para depois os half-siders reunirem quatro caracteres diferentes seria bem mais raro.
Interesse genético dos half-siders 
Cada vez que se está na presença de uma ave half-sider pode-se deduzir que os dois caracteres que coexistem anormalmente são devidos a genes alelos. Isto permite se verificar certas conclusões provindas do estudo dos cruzamentos e dos seus resultados, como também os complementar.
No periquito ondulado 
Assim, no periquito ondulado, os cruzamentos mostram que verde domina azul e o periquito metade verde, metade azul leva à confirmação. 
Está-se na presença de alelos. Mas no caso do periquito metade cinza, metade azul, concluir-se que cinza e azul são devidos a dois alelos seria um erro. Os cruzamentos mostram que a cor cinza da plumagem é devida a uma mutação dominante, mas a observação em microscopia eletrônica mostra que esta mutação concerne à estrutura da pena, enquanto que a mutação azul concerne ao carotenóide. Está-se na presença de ações bem diferentes. De fato, o fator cinza é o alelo de um gene presente no periquito silvestre e se ele é dominante é porque os estragos concernentes a estrutura não podem ser compensados. Ele não é um alelo do fator azul, mas a cor cinza aparece porque o periquito é do tipo azul e se ele fosse do tipo verde, sua cor seria cinza-verde. A existência de periquitos metade azul, metade cinza e metade verde, metade cinza verde confirma a ligação dos fatores azul e cinza. Os psitacídeos apresentam grandes analogias de cores, que aqui correspondem a uma mesma estrutura das penas (camada estrutural parecida) e implica em mutações comparáveis. Daí o interesse dos agapornis metade malva, metade azul. Poderia se pensar que esta ave mostra que as cores azul e malva são devidas a alelos, mas a realidade é mais complexa. O estudo microscópico mostra que o azul é produzido pelas barbas das penas que são células gigantes ricas em microgrânulos (camada estrutural) e que a passagem do azul claro a azul escuro (cobalto) é devido ao aparecimento de melanina negra nas bárbulas, inicialmente incolores. Este aparecimento é atribuído a um fator escuro.
Curiosamente contata-se que a presença de dois fatores escuros implica em uma cor malva. A seguir, o agapornis metade malva, metade azul é um periquito que, inicialmente azul com 1 fator escuro, dá uma metade com 2 fatores escuros (cor malva) e a outra sem fator escuro (lado azul). Os cruzamentos mostram que os fatores azul e escuro estão ligados entre si. O mesmo cromossomo pode então portar os fatores azul, cinza e escuro. Ele pode igualmente portar um 4° fator, o fator violeta.
Constata-se que num periquito violeta uma só diferença aparece com uma pena azul: a medula das barbas é marrom e não negra, o que corresponde à substituição da eumelanina pela feomelanina, dando uma mistura de azul e marrom levando ao violeta. Pode-se atribuir isto a um fator violeta tendo um papel inibidor na síntese da eumelanina. Este fator é dominante e ele está ligado ao fator azul.
Assim a cor verde do periquito ondulado é bem provavelmente aquela dos psitacídeos, faz intervir um conjunto de genes onde 4 pelo menos estão sobre um mesmo cromossomo. Eles são:
- o gene que permite o depósito do carotenóide amarelo, ele foi mutado em fator azul (ausência do depósito) 
- o gene que controla a formação das células estruturais, fonte do azul. Sua mutação dá o fator cinza. 
- o gene que estimula a síntese da eumelanina nas barbas. Sua mutação dá o fator violeta. 
- o gene que age sobre a densidade do azul, graças a um depósito de melanina nas bárbulas.
Este é o fator escuro. 
Estes quatro genes não mutados e provavelmente vizinhos, formam o fator verde. Eles podem ser separados por crossing-over. 
Pode-se achar bizarro que um periquito azul com dois fatores escuros seja malva (= violeta diluído) e não azul bem escuro. Isto poderia resultar da incapacidade do alelo não mutado do fator violeta de transformar completamente em eumelanina, um excedente de feomelanina devido ao desdobramento do fator escuro. 
Outros genes intervêm na cor verde, mas eles estão sobre outros cromossomos. Assim o fator amarelo concerne a presença das macromoléculas de eumelanina. Situadas sobre a camada estrutura eles permitem o aparecimento do azul. Na sua ausência, o periquito verde torna-se amarelo.
No canário
O aparecimento de um topete é devido a uma mutação; seu aspecto é variável mas sua existência depende de um fator topete que é dominante e letal em duplo exemplar (cruzando-se topetes entre si se obtém topetes e não topetes). A seguir, uma ave topete de um só fator topete e seu genótipo é Hh+. A separação em H e h+ explica os canários tendo a metade-topete. Nos casos de half-siders metade amarelos, metade brancos, o fator que intervém é o fator branco dominante. Ele inibe o depósito do carotenóide nas penas e, na ausência de melaninas (canários lipocrômicos), eles tornam-se brancos. Este fator é dominante e letal no estado homozigoto. Por conseguinte um canário branco dominante tem somente um fator branco dominante onde a possibilidade de half-siders tendo o carotenóide de um só lado do corpo, aquele que não recebe o fator branco dominante.
Pode-se observar que o acaso intervém pois o lado amarelo pode bem ser o lado direito como o lado esquerdo da ave. O fator branco dominante não exerce uma inibição total, já que um pouco de carotenóide se deposita nas bordas das asas. Esta inibição não concerne a natureza do carotenóide já que o amarelo pode ser substituído por um carotenóide vermelho, visível nas margens das asas (ver fotos).
No canário mosaico o carotenóide está localizado em locais precisos (cabeça, ombros, rabadilha, peito) e esta particularidade está mais destacada no macho que na fêmea. Nesta existe menos carotenóide: na cabeça aparece apenas um simples traço no nível dos olhos. Diz-se que o caracter mosaico está influenciado pelo sexo. O carotenóide, normalmente amarelo, torna-se vermelho quando se dá um corante.
O aparecimento de um half-sider vermelho mosaico mostra que o caracter mosaico é devido a um fator recessivo e livre. Em efeito, este pássaro tem fenótipo de um mosaico macho de um lado do corpo e de um mosaico fêmea de outra é o gineandromorfo. Cada uma das metades do corpo possui um fator mosaico e ela mostra que o ovo que deu o canário recebeu dois fatores mosaicos. Pode-se dizer que, normalmente, para se exprimir, o fator mosaico deve estar em duplo exemplar.
O caracter mosaico existe em diversas aves indígenas (Verdilhão Carduelis chloris, Serino Serinus serinus, Pintarrôxo-de-queixo-preto Carduelis flammea, Pintarrôxo-comum Carduelis cannabina etc.) e é possível que uma hibridação seja a origem do seu aparecimento no canário. A necessidade de híbridos férteis limita esta origem a um pequeno número de pássaros: pintassilgo-comum Carduelis carduelis, serino, verdilhão, pintassilgo-da-Venezuela. A hipótese de uma antiga hibridação entre pintasilgo-comum e canário branco dominante é a mais provável.
No diamante de Gould
O aparecimento de half-siders com máscara metade vermelha, metade alaranjada leva a se pensar que as cores vermelha e alaranjada são devidas a dois alelos. Como se pode ter também uma máscara metade vermelha, metade negra, poder-se-ia levar a pensar que os fatores negro, vermelho e alaranjado da máscara são o mesmo tanto de alelos. Isto não é exato. Os cruzamentos efetuados em diversas observações mostram que dois genes intervêm, um para inibir um depósito de melanina negra, o outro para colocar no local um carotenóide.
Se não existe a inibição, a máscara fica negra; se ela existe, a máscara pode ser vermelha, alaranjada ou amarela. O fator inibidor é designado por R pois permite o depósito de um carotenóide vermelho, seu alelo inativo sendo n (a máscara é então negra). O fator concernente a escolha do carotenóide é a mesma dos alelos que há de carotenóides possíveis; eles são designados por Cr, Co, Cj. Estes alelos são fatores livres enquanto que o fator R está ligado ao sexo.
O gould de máscara metade vermelha, metade alaranjada, de uma divisão anormal do casal Cr Co.
Neste último caso, o bico apresenta uma mancha vermelha de um lado e alaranjada do outro, o que mostra que a cor do carotenóide concerne também tanto ao bico como a máscara do gould. O gould com a metade direita fêmea e a metade esquerda macho com máscara metade vermelha, metade negra e peito metade branco, metade malva apareceu na Espanha e nasceu de um ovo tendo o genótipo de um macho cabeça vermelha portador de cabeça negra e de peito branco, então sendo XR Xn p+ p; p designando o fator peito branco e p+ seu alelo não mutado. A repartição dos cromossomos deu XR p+ p+ à direita e Xn Xn p p à esquerda. Ter-se-ia pois, em princípio, Xn pp e XR XR p+ p+ que daria uma máscara negra, um aspecto masculino à esquerda. Nos dois casos há a perda de um cromossomo e se esta perda não está ligada, as duas metades do corpo seriam masculinas. Outras combinações são igualmente possíveis mas não é certo que sejam viáveis.
O gould de cabeça metade-vermelha metade alaranjada, macho à esquerda e fêmea à direita aparecido na França e nascido de um ovo de genótipo XR XR CoCr (macho cabeça vermelha portador de cabeça alaranjada), repartido em XR XR Co Co e XR CrCr. Como nos casos precedentes, dois pares de cromossomos são concernentes.
Outras particularidades podem ainda serem observadas. Assim no caso do gould de máscara metade vermelha, metade negra da foto, constata-se o desaparecimento do colar verde-turquesa. Lado vermelho tem colar branco e lado negro, seu lugar é ocupado pelo negro. Isto mostra que a anomalia genética não se limita a uma repartição diferente do cromossomo, mas que genes podem ser perdidos. Este é o caso dos que determinam a presença do colar turquesa. Estes genes seriam igualmente inibidores do depósito de melanina, além do mais eles agiriam sobre sua repartição de maneira a produzir um azul estrutural.
Interesse biológico dos Half-siders 
Os half-siders conduzem a interessantes observações referentes ao desenvolvimento embrionário das aves e sua sexualidade.
Embiogênese
Nos vertebrados, somente as aves podem ser half-siders. Não se conhece nenhum leão tendo só metade da juba e, ainda com mais razão, uma fêmea tendo os caracteres de macho de um lado do corpo. Se bem que alguns animais domésticos podem ter topetes de cores diversas, mas em nenhum caso eles têm lados do corpo destacando variedades diferentes. Fora os vertebrados, o ginandromorfismo muito pouco foi observado em algumas borboletas.
Pode-se dizer que nas aves as anomalias genéticas podem se produzir bem cedo. Elas poderão ter sua origem nas alterações dos genes reguladores do desenvolvimento embrionário. Um defeito do controle permitiria a obtenção dos half-siders. No caso do homem, pode-se atribuir a um tal defeito o aparecimento de indivíduos com órgãos inversos (coração à direita, fígado à esquerda etc.). Falha de um controle, aquele que deve ser à esquerda passando a ser à direita, a escolha sendo deixada ao acaso.
Esta anomalia, dita situs-inversus é rara; os indivíduos obtidos são perfeitamente normais.
É possível que o aparecimento de half-siders nas aves esteja em relação com a importância capital da plumagem. Um controle interveria bem cedo, podendo se desregular.
Pode-se então observar que o limite entre as duas metades diferentes da plumagem jamais é perfeito.
Ela é mais ou menos sinuosa e, por exemplo, ilhotas de azul podem ser observadas no verde de um periquito half-sider. Pode-se atribuir isto a migrações de células no curso do desenvolvimento do embrião e a um controle imperfeito destas migrações. As migrações de células são, de fato, um fenômeno freqüente que concerne principalmente as celulas que darão origem a melanina.
Sexualidade
Pode-se afirmar, ao contrário do se crê, depois de experiências de castrações, que a plumagem das aves não depende somente dos hormônios sexuais. De fato, estes são transportados pelo sangue e atingem todo o organismo. Numa ave ginandromorfa, a metade macho e a metade fêmea recebem portanto os mesmos hormônios. Assim admite-se que estas duas metades têm uma sensibilidade diferente e ela segue seu genótipo, macho ou fêmea.
Pesquisas recentes têm revelado a existência de receptores celulares próprios de cada hormônio; na sua ausência um hormônio fica sem ação. Nas aves o hormônio feminino comanda o aspecto masculino ou feminino da plumagem. Se ele falta ou se ele não pode agir, a plumagem toma o aspecto masculino; senão ele toma o aspecto feminino. Por conseguinte a plumagem masculina e a plumagem feminina reunidas numa ave half-sider podem resultar da presença ou não de receptores relativos a hormônio feminino e não a cromossomos sexuais X. Se estes receptores faltam, o hormônio feminino não pode agir e a plumagem se desenvolve no sentido masculino, mesmo com um genótipo feminino. isto é o que os half-siders ginandromorfos permitem constatar.
Em 1986 um criador do sul da França, Alain Dubois obteve um gould half-sider; ele tinha na esquerda o fenótipo de um macho de máscara alaranjada e na direita o de uma fêmea de máscara vermelha. Este gould não se reproduziu e morreu no ano seguinte se mostrando como um macho. Tive a oportunidade de fazer a sua autópsia. Contrariamente a todas as expectativas, o pássaro tinha à esquerda (lado masculino) um testículo atrofiado, pequeno, mole, e à direita (lado feminino) um testículo normal, firme, ligeiramente róseo e funcional. 
Isto não pode ser compreendido se não se lembrar que nas aves a fêmea tem apenas um só ovário, à esquerda e na direita tem um testículo embrionário que se pode tornar um testículo normal se o ovário cessa de funcionar. É o que se constata em uma fêmea velha ou doente. A origem da glândula genital (ou gônada) tem um esboço indiferenciado. Ela evolui no sentido fêmea se existem estrógenos (hormônios femininos) e no sentido macho se não existem. No gould estudado, os estrógenos são produzidos e transportados pelo sangue e percorrem os dois lados do corpo. Mas no lado macho, à esquerda, os receptores de estrógenos estão ausentes; a gônada não pode se tornar um ovário e fica atrofiada. O lado feminino deve ter um ovário normal. Se ele não se forma é que à direita o esboço é naturalmente insensível aos estrógenos. Aparece então um testículo normal.
Assim, contrariamente ao que se crê, se as aves têm somente um ovário não é porque não têm lugar para dois, mas porque, somente, o esboço situado à esquerda pode se tornar um ovário. Está-se na presença de um caracter inato, de origem provavelmente dos répteis, pois certos répteis têm apenas um ovário e as aves tiveram origem nos répteis. As observações feitas permitem pensar que uma ave ginandromorfa pode ter uma sexualidade masculina e ser fértil, mas isso não foi verificado. Curiosamente os ginandromorfos que estudei eram machos à esquerda e fêmeas à direita. O contrário não foi assinalado e pode-se achar que isto seja possível. Conclusão 
O estudo das aves half-siders é muito interessante. Ele permite se precisar a genética de diferentes espécies, tornadas freqüentes na criação. Ele confirma certas observações concernentes à biologia das aves. Mostrando que a presença de um só ovário nas fêmeas é um caracter inato, ele confirma que a evolução dos seres vivos pode ser preparada para a aquisição de caracteres que se revelarão úteis para continuação. Da mesma maneira, a passagem dos Vertebrados sobre a terra firme preparou o aparecimento de pulmões e de patas rudimentares em certos peixes.
Contrariamente ao que sempre foi admitido, é muito possível que o aparecimento das asas nos répteis corredores ou saltadores, ancestrais das aves, não seja uma conseqüência do seu comportamento, mas o resultado de uma pré-adaptação. Esboços de asas e penas puderam aparecer antes de traços de um vôo. Como se vê, o estudo dos half-siders reúne o grande problema da Evolução. Ele mostra que o estudo dos seres vivos forma um todo e que nada pode ser, à priori, negligenciado, nem mesmo os half-siders, uma curiosidade da criação de aves... 
máscara (vermelha ou negra)
colar negro
colar turquesa
mancha (vermelha)
manto e dorso verdes
rabadilha (azul)
peito (Macho - violeta; fêmea malva)
ventre (amarelo)
cauda (negra)
Zona de carotenóide
produção do amarelo
Zona de microgrânulos
produção do azul
córtex
camada estrutural
Camada absorvente
(macromoléculas de eumelanina)
bárbula
medula
Corte de uma barba de periquito ondulado
Glossário
Alelos. São as diferentes formas de um gene. Uma mutação substitui um gene por seu alelo. Um gene pode ter vários alelos. Os alelos ocupam a mesma posição no cromossomo.
Cromossomo. Filamento contido no núcleo das células e que porta os genes. Os cromossomos formam pares. Em cada par um cromossomo vem do pai e o outro da mãe do indivíduo.
Fator hereditário. Sinônimo de gene. Se o gene está presente em duplo exemplar, o indivíduo é dito duplo fator (ou homozigoto).
Gene. Partícula de um cromossomo da qual depende um caracter. A cada caracter individual de um indivíduo corresponde geralmente dois genes. Se os dois genes são semelhantes o indivíduo é dito heterozigoto. Neste caso os dois genes podem ser co-dominantes e dar um caracter intermediário, ou então um dominar o outro e impor seu caracter: é então dito dominante e o outro gene é dito de recessivo.
Genes ligados. Genes colocados no mesmo cromossomo. Eles podem estar separados por um crossing-over (troca entre dois cromossomos do mesmo par). Os genes portados pelo cromossomo sexual X são chamados ligados ao sexo.
Genótipo. Conjunto de genes do indivíduo. Praticamente, conjunto de genes intervindo num cruzamento.
Gônada. Glândula genital (testículo ou ovário).
Letal. Que acarreta a morte.
Mutação. Alteração cromossômica produzindo um caracter novo. O resultado é um mutante.
Fenótipo. Conjunto de genes ativos num indivíduo. Por conseguinte, o aspecto do indivíduo.
Notas:
No diamante de Gould a máscara é negra ou vermelha; por mutação, ela pode se tornar alaranjada, amarela, creme, cinza ou branca. O peito é violeta no macho, malva na fêmea; por mutação ele pode ficar lilás, azul, rosa ou branco.
No periquito ondulado as barbas são verdes e sua medula é negra; as bárbulas são amarelas. No periquito azul as barbas são azuis e as bárbulas brancas. O fator escuro introduz a melanina nas bárbulas que tornam-se negras e nas barbas que ficam mais escuras. O fator violeta substitui a melanina negra pela melanina marrom; a medula e as bárbulas ficam marrons, as barbas tornam-se malvas.
Agradeço a todos os criadores que contribuíram para este artigo enviando documentos. Particularmente aos Srs. Louis Gonnissen (Bélgica), Yeves Valero (Espanha), Michel Veya (Suíça), Louis Martin-Teissre (França), Sra. J.Prin (França), bem como ao Comitê Diretor da Confederação Ornitológica Mundial pelo apoio permitindo esta publicação.
Montpellier, janeiro de 1996 - M. Pomarède.
Tradução: Pedro Salviano Filho
Canário vermelho mosaico: lado esquerdo masculino, direito feminino. (Yeves Valero)
Canário ágata: lado esquerdo com fundo vermelho (ágata vermelho), lado direito com fundo branco.
(ágata prateado) - (Michel Veya)
Canário isabelino: lado esquerdo com fundo branco; lado direito de fundo amarelo. (Martin Teissere)
Periquito ondulado (Melopsittacus undulatus) metade azul, metade verde. (L. Gonnissen)
Agapornis (Agapornis roseicollis) metade azul, metade malva. (Jean Testar)
Diamante de Gould (Erythrura gouldiae macho do lado esquerdo, fêmea a direita; com peito metade branco e máscara metade vermelha, metade negra. (Yeves Valero)

 Fonte: Criadouro Kakapo

CARA-METADE, ERRO OU CAPRICHO DA NATUREZA?

 CARA-METADE, ERRO OU CAPRICHO DA NATUREZA?
Benedito Gomes Tosa
Revista Brasil Ornitológico 54
Arquivo editado em 02/05/2004
Eurico Santos, em Zoologia Brasílica, volume 5, página 271, descreve minuciosamente a pintura de uma avezinha discreta e delicada que agrada nossos olhos com sua figura harmoniosa, higiene de penas impecável, o “Sporohila c. caerulescens”, o nosso papa-capim ou coleirinha e que, na íntegra, transcrevemos: 
“...são de cor negra, a fronte, faces, cabeça, nuca e a região que fica por baixo da mandíbula inferior, em forma de gola, “coleira”, separando assim a garganta do peito. São de cor cinzento-ardósia, quase negro, o dorso, retrizes e coberteira da causa, quer as remiges. Uma raja que parte da raiz da mandíbula inferior, bem como a garganta, o peito, o ventre e uropígio são brancos ou levemente-esverdeado, tarsos anegrados. 
As fêmeas são pardo-oliváceo-claras, com asas e cauda mais escuras, parte inferior clara, lavada de ocráceo e o centro do ventre, branco”. 
Complementamos belíssima descrição acrescentando que o bico da fêmea é escuro e o tarso cinza-claro. 
Apareceu e vive sob observação no “Recanto dos Pássaros”, propriedade de José Valmir de Salvi, aqui em Serra Negra, Estado de são Paulo, um exemplar de coleirinha que aguçou a curiosidade dos amantes da ornitologia na região. 
“Cara-Metade”, nome de registro do pássaro que, por erro ou capricho da natureza é um ginandromorfo perfeito, pois mostra exatamente na linha mediana do corpo, a divisão dos caracteres sexuais. 
A parte direita é masculina com todos os detalhes da plumagem acima descritos sendo que a “coleira” (parte do corpo que originou o nome popular da ave), cessa na linha mediana do pescoço sem que uma pena, por minúscula que seja, avance a demarcação; a parte esquerda reveste-se com traje feminino e, segundo Helmut Sick, autor de “Ornitologia Brasileira”, à página 755, isto, “...reflete a regra de que em aves apenas o ovário esquerdo é desenvolvido...” 
No mesmo trecho, Sick, o cientista das aves, ante a quem o mundo se curva por sua sabedoria, experiência, conhecimento, pesquisas, trabalhos divulgados, revela ter visto, em toda sua vida, apenas dois exemplares com esta anormalidade morfológica. 
O terceiro exemplar, quem sabe, é o que hoje vive em Serra Negra. Os observadores de pássaros de nossa região confessam nunca terem ouvido falar. Até João Rosa nos seus oitenta e poucos anos de atividades ligadas à sondagem e observação de pássaros silvestres, desconhecia. 
Interessante é que a aproximação de uma fêmea, à parte masculina de “Cara-Metade”, este reage num galanteio carinhoso, exibindo a plumagem e fazendo tremular a assa direita enquanto solta o canto com todas as notas de macho-criado. Entretanto, quando um  macho é colocado próximo ao seu lado feminino mostrando interesse e entusiasmo para um  início de “namoro”, o lado masculino volta-se, ameaçando briga como se o intruso tivesse avançado sua zona de influência como acontece em meados da primavera e durante todo o verão com qualquer macho acasalado ou preparando o berço dos filhotes. 
Quem dera, estas linhas ou mesmo as fotos conseguissem transmitir, neste instante, a precisão do fato inédito que gostaríamos de deixar registrado. 
Entretanto, diante de apenas um exemplar avariado desta ave tão comuns pelo Brasil afora, cujos bandos numerosos chegam durante o inverno e início da primavera, dóceis, mansinhos em nosso quintais, hortas e jardins em busca de alimento, sentimos o tamanho da fragilidade do nosso conhecimento. 
Que distância nos separa da verdade? 
“Cara-Metade” é afinal, erro ou capricho da natureza? 

 
 
 
 

Alimentação de Pássaros – Quebrando Paradigmas

Alimentação de Pássaros – Quebrando Paradigmas
Rodrigo Barreto
Revista SICO 2006
Arquivo editado em 21/12/2006
Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal, somente o setor de Pet Food, em especial com rações para cães e gatos, movimentou 1.562.400 toneladas no ano de 2005. Para 2006 a previsão é de um crescimento de cerca de 7 %, chegando a 1.672.300 toneladas. Apesar destes expressivos números, quem tem pelo menos 30 anos de idade lembra de que  forma, na sua infância, eram alimentados os cães e gatos. Restos de comida ou
preparados caseiros eram regra na alimentação destes animais, enquanto o uso de ração ainda era algo meio "fora de propósito". Hoje em dia estes animais são, via de regra, alimentados com ração balanceada comercial amplamente encontrada no comércio. A recomendação dos veterinários quanto à alimentação
correia de cães e gatos é insistente no uso de ração balanceada.
O que aconteceu neste período para uma mudança tão significativa? Apenas as ações de marketing dos grandes fabricantes foram responsáveis pela mudança de hábito dos consumidores? Não. A associação das necessidades dos consumidores, praticidade e economia, com a recomendação técnica dos veterinários, gerou esta mudança de perfil. Mas por que a recomendação técnica é
pelo uso de rações balanceadas? Deixando de lado uma série de vantagens adicionais e tratando apenas do aspecto mais significativo, podemos dizer que
não há melhor forma de suprir os animais com os nutrientes adequados para cada espécie e época de desenvolvimento. Com as constantes e volumosas pesquisas no setor, as exigências nutricionais destes animais já estão bem definidas, de forma que produtos de empresas de confiança podem de fato garantir a alimentação adequada para estes animais de companhia.
E quanto aos pássaros? Em que estágio estamos quanto à adequada alimentação? Podemos dizer que este setor não vai escapar desta importante tendência, porém ainda está vivendo esta transformação. Entre os aficionados por pássaros há uma maior resistência a uma mudança vista como "extrema" ou
"radical", que seria a troca das tradicionais misturas de sementes por ração balanceada. Já se ouviu quem dissesse que passarinho tem bico para
descascar e comer sementes, portanto esta é a alimentação adequada para eles, como acontece na natureza. Este raciocínio nos leva a traçar um paralelo e concluir que cães e gatos têm caninos para comer carne, portanto os Pet Shops ao invés de vender sacos de ração, deveriam disponibilizar gatos "SRD" para a alimentação "natural" de cães e camundongos para a nutrição adequada de
gatos.
Vantagens das rações balanceadas
Existe uma série de vantagens do uso de rações balanceadas frente às tradicionais misturas de sementes, não como uma opção a mais, mas sim como a base da alimentação dos pássaros. Vamos enumerar as principais:
1) O processo de formulação da ração permite que o produto apresente os níveis de garantia exatamente de acordo com as exigências nutricionais dos
pássaros. Desta forma a ração pode perfazer 100 % de sua alimentação, deixando a necessidade de suplementação apenas para situações especiais, como períodos de convalescença, reprodução e muda de penas.
2) Mesmo quando se tenta fazer uma boa composição através da mistura de diferentes tipos de sementes, enfrenta-se a questão da escolha pêlos pássaros
das sementes que mais lhes agradam, comprometendo a intenção do balanceamento. Na ração a composição é a mesma em cada grânulo ou partícula, o que proporciona uma alimentação uniforme.
3) Seu uso evita problemas nutricionais, como excesso de gordura e deficiência de vitaminas, minerais e aminoácidos, freqüentes nas dietas à base de sementes.
4) O processo de fabricação permite que a ração apresente cor, textura e aroma mais agradáveis a cada espécie de pássaro. O processo de extrusão
promove alterações favoráveis, como o aumento da digestibilidade dos nutrientes,
além de eliminar possíveis patógenos presentes nos ingredientes, pela ação de altas temperaturas.
5) Proporciona considerável economia, já que o consumo de ração é cerca de 30 a 40 % menor que o volume de sementes que seriam utilizadas, em função
das cascas e do desperdício de sementes pêlos pássaros.
6) Facilidade de manejo, pois não há necessidade da rotina diária de soprar as cascas das sementes. Deste modo a ração pode ser fornecida para vários
dias.
7) A ausência de agrotóxicos, normalmente presente nas sementes e eventualmente nas verduras, evita intoxicações e doenças pulmonares. Alguns
agrotóxicos podem não apresentar sintomas aparentes de intoxicação, porém podem até esterilizar os pássaros.
8) Os pássaros não são submetidos aos riscos que acontecem no uso de  alimentos frescos, como ovo cozido, que é rapidamente deteriorável, pondo em risco a saúde dos animais, em especial em períodos quentes.
Adaptação
Como qualquer outro animal submetido a uma mudança na dieta, há necessidade de um período de adaptação para a nova alimentação. Quanto mais novo o pássaro, maior a facilidade de adaptação. Pássaros habituados há muito tempo às  dietas a base de sementes poderão estranhar inicialmente o novo alimento, mas também podem ser adaptados. Pássaros nascidos em ambientes onde a dieta já é a ração, são alimentados pêlos pais desde o início com este alimento, sem necessidade, portanto, de adaptação.
Havendo necessidade de adaptação, deve-se proceder a mistura da ração com as sementes de costume, conforme a tabela:
1° ao 3° dia
¼ ração – ¾ sementes
4° ao 6° dia
½ ração – ½ sementes
7° ao 9° dia
¾ ração – ¼ sementes
A partir do 10° dia
Somente ração balanceada
A opinião de quem entende
Confira a seguir alguns importantes depoimentos do meio científico sobre a questão da alimentação de pássaros com rações balanceadas frente às dietas a base de sementes:
"Uma dieta balanceada deve permitir ao pássaro uma vida cheia e alegre. Uma dieta  desbalanceada pode ser a causa de muitas doenças e da morte prematura dos pássaros. Mesmo para pássaros comedores de sementes, alimentá-los apenas com elas não é apropriado. Mesmo quando diferentes tipos de sementes são fornecidas, as sementes não serão capazes de suprir todas as necessidades minerais e vitamínicas necessárias." (Basic Bird Nutrition -
Jennifer Prince DVM, Drs. Póster & Smith Veterinary Service Department - Wisconsin Veterinary Medical Associations.)
"Alimentos extrusados para pássaros, assim como rações para cães e gatos, são formuladas para garantir toda a nutrição que os pássaros precisam, de maneira prática. Impede que o pássaro escolha somente a sua semente favorita deixando de lado boa parte da nutrição necessária." (1997 by the National Cockatiel Society.)
"Sementes não contém nutrientes suficientes para manter um pássaro saudável ou prover nutrientes adequados para a reprodução. Sementes possuem baixas concentrações de cálcio e são também deficientes em proteínas, minerais e vitaminas.
Alimentar os pássaros apenas com sementes pode causar severas deficiências nutricionais e a morte prematura dos pássaros." (Understanding Pet Bird Nutrition - Gary D. Butcher, Veterinário de Aves e Richard M.D. Miles Nutricionista de Aves. Universidade da Flórida, Instituto de Alimentos e Ciências Agrárias, 1996.)
"Devido ao fato das cascas representarem de 18 a 69 % das sementes e serem removidas antes da deglutição, uma parte significativa das misturas de sementes são transformadas em lixo. Algumas ainda são muito gordurosas e promovem a obesidade. O processo de extrusão induz certas modificações químicas e físicas no alimento que são vantajosas. A alta temperatura destrói microorganismos potencialmente patógenos." (Nutrition of Caged Birds - Formulated Diets Versus Seed Mixtures for Psittacines. Comparative Nutrition Group, Departament of Animal Science, Michigan State University.)
"Rações para cães, mesmo sendo um alimento "não natural", é aceito pela maioria das pessoas e veterinários como a maneira correia de alimentar estes
animais. Da mesma forma, extrusados para pássaros podem ser vistos como uma maneira conveniente de alimentar os pássaros. Além dos benefícios nutricionais, os grânulos fazem menos sujeira (não contém cascas), são mais acessíveis (não
ficará comida escondida sob as cascas), seguras (não estragam quando são deixadas na tigela por mais tempo, como ocorre com os suplementos a base de
ovo por exemplo), menos desperdício (não é necessário jogar fora porções não
consumidas), menos trabalho (podem ser colocadas quantidades maiores na tigela em relação às sementes) e fáceis de serem deixadas em alimentadores
ou recipientes quando for sair de férias." (Feeding Canaries a Pellet Diet • Ginger Woinik Pacific American Singer Newsletter. Vol.5, no. 3, Julho de 1998.)
"Veterinários há muito tempo vem alertando sobre as doenças em aviários causadas por má nutrição. Pesquisas em nutrição de aves têm feito grandes avanços e, como resultado, fabricantes de comida para pássaros tem sido
capazes de formular variadas e nutritivas rações. As vantagens de um produto extrusado incluem a ausência de pó no alimento e a exclusão do risco de
contaminação por bactérias. Os extrusados são resultado de extensivas pesquisas e testes e são formulados para satisfazer todos as necessidades nutricionais dos
pássaros. Muitos criadores tem registrado aumento do sucesso reprodutivo após terem trocado a alimentação habitual pela ração extrusada. Uma vez que os
produtos tem validade de 1 a 2 anos você obtém sempre comida fresca da embalagem. Ao contrário de muitas sementes que são estocadas em pilhas que
ficam ali estragando por muitos anos." (Should you feed your quakers a pellet diet? – Thereza Jordan - Jordan Enterprises, 1997.)
Experiência
Há cerca de 15 anos a alcon produz rações balanceadas para pássaros, utilizadas por criadores profissionais. Muitos destes criadores substituíram há muitos anos as misturas de sementes por rações extrusadas, com ganhos significativos em qualidade nutricional e praticidade. Atestam eles que o uso continuado do produto melhora o potencial reprodutivo e o estado nutricional do pássaro,  aumentando sua resistência e diminuindo sobremaneira a incidência de doenças e a mortalidade, além de aumentar a vitalidade, a beleza das penas e o vigor do canto.
A quebra deste paradigma já é uma realidade. A evolução vem acontecendo naturalmente.
Rodrigo Barreto, eng. agrônomo e MBA em marketing pela FGV, é assessor técnico da Alcon.

Micotoxinas

Passeriformes (Sabiás, Trinca-ferros, Canários Bicudos, Curiós, Cole iras, etc)
Ana Roberta de Almeida
Médica Veterinária
Revista Pássaros 50
Micotoxinas
As micotoxinas săo produtos metabólicos de alguns fungos. Os alimentos contaminados por fun­gos podem conter micotoxinas. Os grăos, amendoim, girassol, comedouros (principalmente os de madeira), que facilitam a retençăo de umidade, sementes mal acon­dicionadas, ou seja, guardadas em ambientes sujos e/ou empoeirados e farinhadas de procedęncia duvi­dosa, constituem alguns dos ali­mentos sobre os quais esses bolo­res podem crescer. As micotoxinas săo indetectáveis pela visăo, olfato ou gosto. As micotoxinas clinica­mente importantes incluem aflatoxina, ocratoxina, desoxi­nivalenol, tricotecenos, oosporeína e citrinina. Os sinais clínicos săo freqüentem ente vagos e podem mimetizar outras doenças. Podem incluir depressăo, anorexia, hemor­ragia, poliúria, hematoquezia, le­sőes erosivas, paralisia, lesőes constritivas dos dedos e emplu­mamento deficiente. A sua ingestăo pode resultar em hepa­topatias ou nefropatias ou em uma imunossupressăo com sinais rela­cionados a uma falha nesses siste­mas de órgăos. Tem-se observado dermatite de contato no caso de uma exposiçăo ŕs toxinas de tricotecenos. O diagnóstico de micotoxicose se baseia no achado da toxina no alimento ou no con­teúdo gastrointestinal. O diagnós­tico é complicado pelo fato de que o alimento já possa ter sido consu­mido e năo se encontre mais dis­ponível para teste.
Politetrafluoroetileno ( Toxicose por Teflon)
Muito cuidado com pássaros que ficam na cozinha! Pode-se pro­duzir um gás tóxico quando se aque­cem superfícies năo aderentes. Essa toxicose é bastante comum nas aves de estimaçăo. As aves afetadas ge­ralmente colapsam subitamente, mas os sinais clínicos que podem ocorrer incluem depressăo, dispnéia, chiado, ataxia, fraque­za e ataques convulsivos. No exame postmortem, geralmente observam-se hemorragia e congestăo pulmonar. As aves geral­mente mor­rem antes que possa ser ad­ministrada uma terapia. Se houver sus­peita de uma exposiçăo a esse gás tóxico, proporcione ar fres­co a ave e leve imediatamente ŕ um Médico Veterinário.
Vitamina D
Cuidado com medicamentos polivitaminicos, usados de forma in­correta ou desnecessária! A toxicose por vitamina D pode resultar em hipercalcemia e mineralizaçăo renal, hepática, gástrica, intestinal, cardía­ca e dos vasos sangüíneos. As fontes de vitamina D incluem administra­çăo excessiva de vitamina por parte do proprietário, raçăo peletizada co­mercial suplementada com vitami­nas, causas iatrogęnicas e uma ingestăo de rodenticida com colecalciferol. A toxicose por vitami­na D3 é mais comum nos neonatos manualmente alimentados com uma fórmula caseira. Os sinais clínicos incluem letargia, anorexia, poliúria e diarréia. O diagnóstico se baseia na anamnese dietética, em uma pos­sível exposiçăo a um rodenticida, si­nais clínicos, níveis sangüineos de cálcio e na radiologia. Pode-se ob­servar radiograficamente uma nefrocalcinose. 
Evite a toxicose por vitami­na D relacionada ŕ nutriçăo atra­vés do oferecimento de uma raçăo formulada completa. Cuidado com raçőes utilizadas para mamíferos (căes, coelhos ou hamster), estas raçőes foram formuladas para es­tas espécies e jamais devem ser utilizadas na alimentaçăo dos pás­saros, pois as doses de vitaminas contidas nestas podem causar in­toxicaçőes ou danos futuros aos pássaros, caso ocorra algum des­tes sintomas em seus pássaros pro­cure assistęncia Médica Veteriná­ria, pois os primeiros socorros săo imprescindíveis
 
Dra. Ana Roberta e um bicudo recuperado após tratamento

Reprodutor Cinco Oitavos

Reprodutor Cinco Oitavos
 
Com uma boa dose de atençăo e utilizando-se de procedimentos simples, como a heteroze e complementariedade, criadores podem formar reprodutores de qualidade inquestionável.
 
Por Luiz Antonio Taddei de Freitas
Há algumas ediçőes atrás, nossa revista trouxe ao amigo leitor um trabalho acompanhado de um pequeno gráfico que instruía os criadores quanto aos procedimentos a serem adotados na formaçăo de um Reprodutor Homozigoto; reconhecido como aquele que apresenta pureza total na representaçăo de determinada linhagem.
Identificando que os cruzamentos consangüíneos năo săo muito bem aceitos por uma parcela dos criadores, apresentamos agora, uma outra alternativa: a formaçăo do Reprodutor 5/8 (Ieia-se: cinco-oitavos). Os estudos sobre a obtençăo e as vantagens de um Reprodutor e de um grupo de indivíduos com esse grau de sangue surgiram com os bovinos e os resultados altamente positivos săo confirmados pelos excelentes níveis atingidos pelo rebanho bovino nacional, que transformaram o Brasil num dos principais expor­tadores de carne do mundo.
Primeiras eleiçőes no início da seleçăo
Qual é a resposta mais rotineira quando fala­mos sobre os caracteres a se­rem selecionados?
Repetiçăo, canto, valentia, fibra, etc. So­mente o criador Paulo Rui Camargo (Săo Paulo­SP), deu outra resposta: saúde, fertilidade, qualidade de plumagem, longevidade, postura ...
Entăo vemos que os bons caracteres a selecionar num mesmo criatório săo muitos. Alguns săo aparentes e representam a bandeira do criador, mas uma boa linhagem deve contemplar muito mais que algumas poucas qualidades aparentes e passíveis de mensuraçăo.
Volto ŕ posiçăo do criador Paulo Rui Camar­go, endossando-a e com plementando-a com a seguinte informaçăo: "Todas as espécies selecionadas pelo homem, o item Saúde dos indivíduos postos ŕ reproduçăo devem ser inquestionáveis. Em seguida devem ser observados: longevidade, fertilidade, intervalo entre posturas; machos com facilidade na cópula e as qualidades maternas nas fęmeas”.
Acredito também que uma das qualidades Prioritárias a serem observadas e perseguidas na seleçăo seja a "Predisposiçăo ao aprendizado do canto". Para tanto, devem ser sumariamente eliminados da reproduçăo todos os machos que tenham cantos năo condizentes aos padrőes atualmente aceitáveis. As únicas e possíveis exceçőes seriam para machos que apresentem tantas outras qualidades que justifiquem o emprego do "Grego".
Certas qualidades passíveis de mediçăo, ou verificaçăo, tipo "Repetiçăo" ou "Mutaçăo" săo aparentemente mais fáceis de serem alcançadas e talvez fixadas, enquanto outras, como a fibra, cujos critérios de avaliaçăo subjetivos e individuais, tęm entendimentos vários, săo aparentemente mais difíceis e vejo que somente será possível, dentro em pouco tempo, se forem observadas e comparadas o Conjunto da linhagem e năo apenas um único indivíduo.
Daí a importância da formaçăo de linhagem própria ou que representa um conjunto ou grupo de criadores.
Transcrevo:
"Concordo em gęnero e grau que dois pontos săo fundamentais para o sucesso:
1- formar linhagens próprias, originárias de verdadeiros raçadores.
2- Analisar o conjunto da produçăo para ter um verdadeiro resultado do trabalho realizado. De nada adianta o criador se empolgar com um ou outro produto muito bom ou até excepcional, se o resultado da avaliaçăo, na média, foi um retrocesso.
Tenho dentro da minha perspectiva que na avaliaçăo de qualquer individuo sujeito ŕ seleçăo genética, existem 2 tipos de elementos:
1- mensuráveis; 2- subjetivos.
Tal qual o grande Mestre Paulo Rui, indica, săo de extrema importância os elementos relativos ŕ rusticidade, e ŕ aptidăo reprodutiva. Estes sim (da mesma forma que nos animais de produçăo industrial), săo mesuráveis. Podemos, portanto, saber quantos ovos uma fęmea botou, quantos estavam férteis, quantos filhotes nasceram, quantos foram efetiva­mente criados, quantas posturas a fęmea fez, se ela chocou ou năo, etc etc. etc. Dessa forma, pode-se traduzir em números e estatísticas, o desempenho de cada matriz. Também se pode medir, a quantidade de cantos de uma ave, o tempo de cada canto, etc. Estes elementos săo de um valor inestimável para ter um verdadeiro controle de qualidade da produçăo, sem o qual, parece impossível imaginar um avanço genético".
(Álvaro Blasina - Rio de Janeiro ­RJ.)
Considerando que o vemos comumente nos criatórios săo indivíduos de qualidade, um dos caminhos a seguir para a constituiçăo de um bom plantel é adotar uma seqüęncia de cruza­mentos específicos e formar um Reprodutor 5/8, e com ele formar o plantel com essas boas qualidades de apenas alguns indivíduos. A idéia é a obtençăo de um produto mais rústico, com características próprias, com alto grau de heterose, que consiga promover a uniăo das boas qualidades de duas raças distintas (Complemen­taridade) e o principal: que perpetue essas qualidades em seus descen­dentes, nas próximas geraçőes.
D e s t a c o:
1) Complementaridade (essa é a palavra chave): - A combinaçăo das qualidades desejáveis das duas raças ou linhagens.
2) Heterose:- Mantém-se um bom grau de heterose. (Vigor, resistęncia, etc.).
Seqüęncia de cruzamentos para a formaçăo do 5/8 (cinco oitavos)
·No gráfico, entendam como o pássaro preto representa macho e o branco a fęmea.
·0 ideal seria se os 2 pássaros brancos (a fęmea inicial e o branco que está ao lado e que só irá acasalar com a fęmea 3/4) sejam irmăos de ninho. Esse é o 5/8 perfeito.
·É bom que sejam irmăos de ninho ou próprios, e melhor se os dois machos (de excelente qualidade) tiverem as qualidades principais diferentes. Ex.: Um macho (o preto) é disposto e muito cantador e o outro macho (branco) é de muita fibra e regular na performance (pode ser também um cantador e outro repetidor).
·É mais fácil fazer com dois machos excelentes e uma fęmea também filha de outro macho de excelente qualidade.
Vejam que o Macho Inicial (preto), reproduz 2 vezes e o outro (branco) apenas 1 vez, na conclusăo do programa, porém será dele o 5 (do 5/8). Portanto de maior influęncia.
-Esse 5/8 foi o "pulo do gato" como o gado bovino e será com nossos pássaros.
o único grau de sangue que consegue (depois do puro) transmitir e fixar qualidades.
-Esse grau de sangue é o da Complementaridade.
-Esse programa năo invalida nem substitui aquele outro programa de formaçăo do Reprodutor Homozigoto; este visa ŕ pureza dos caracteres desejados. O 5/8 visa ŕ obtençăo de um produto de resultados, de alta performance.
-Se por um lado o Reprodutor Homozigoto é o puro, esse 5/8 consegue manter um excelente grau de Heterose o que lhe garante muito vigor. Testes em bovinos compro­varam ser esse grau de sangue o responsável pelo surgimento do "Boi Indus­trial", ou seja, o 5/8 é aquele rústico, com vigor, fertilidade, produtividade e principal­mente com grande perfor­mance.
"Deixe-me dizer uma coisa: vocę pode possuir um Doutorado em genética, mas se năo sabe como e o que selecionar vocę estará descartado. Deixe-me dizer mais uma coisa: poderíamos ambos começar a criar exatamente com os mesmos pombos. Vocę poderia utilizá-Ias um ano e eu poderia utílizá-Ios no próximo ano. O que poderia ser mais próximo do que exatamente a mesma origem? Mas vocę sabe de uma coisa? Poderíamos perfeitamente terminar, após algumas geraçőes, com resultados opostos no que diz respeito até mesmo ŕs características. Por quę? Por causa da seleçăo. Tudo é devido ŕ seleçăo. Em resumo, o fator importante, o segredo do mito, repousa em ser capaz de selecionar, esse é o verdadeiro segredo, mas somente uns poucos indivíduos seletos conseguem dominar tal habilidade." (Mauricio Jemal - criador e selecionador de pombos - México).
Revista passarinheiros & cia 33

Ornitologia.

Por Marcelo Oliveira
Ornitologia é o ramo da Biologia dedicado aos estudos das aves no que se refere à sua distribuição nos continentes e suas características peculiares, classificando-as em espécies, gêneros e famílias.
A ornitologia tem na observação direta uma rica fonte de informações, embora se prevaleça também de técnicas e instrumentos modernos, como o anilhamento de aves, radar e radiotelemetria, além de contribuições feitas por amadores.
Um dos pioneiros nesta ciência foi Aristóteles ao escrever sobre a história dos animais, obra que foi continuada séculos depois por Plínio, o Velho. Como essa, muitas outras obras da Idade Média e Início da Era Moderna registram observações pessoais relevantes sobre o assunto. As aves brasileiras tiveram seu primeiro registro graças ao alemão Hans Staden, que caiu prisioneiro dos índios por volta de 1553.
Dentre os principais estudos ornitólogos brasileiros podem ser destacados os trabalhos realizados no Museu Nacional, no Rio de Janeiro; no Museu Emílio Goeldi, em Belém do Pará; e no Museu Paulista.
As aves possuem algumas características em comum com os répteis e mamíferos, como a notocorda, estrutura de sustentação situado na linha mediana dorsal do corpo, entre os tubos nervoso e digestivo e que aparecem na fase embrionária, sendo substituída pela coluna vertebral na vida adulta. As fendas branquiais na faringe, orifícios que desaparecem na fase adulta em algumas espécies, o tubo nervoso dorsal e a cauda pós-anal, cujo desenvolvimento e função variam nos diferentes grupos de espécies, também são características exclusivas deste grupo de animais do mesmo filo.
A classe das aves pertence ao filo Chordata e está dividida em diversas ordens, cada uma com suas famílias e espécies específicas. Formam uma classe constituída por espécies vertebrados, bípedes, homeotérmicos, ovíparos, caracterizados principalmente por possuírem penas, apêndices locomotores anteriores modificados em asas, bico córneo e ossos pneumáticos, chegando à cerca de 9000 espécies no mundo.
Dentre as aves existem as espécies que voam e as que não voam, sendo que as que possuem esta habilidade, considerada secundária, adquiriram a partir de ancestrais que podiam voar. As não-voadoras são vulneráveis à extinção devido à destruição do habitat e da poluição, ou por causa da introdução de plantas e animais.
A endotermia, as penas, os ossos pneumatizados, a ausência de bexiga urinária e o corpo leve e aerodinâmico são algumas das características adquiridas durante o processo evolutivo que permitiram algumas aves alçar vôo.
As ordens da classe Aves são:
  • Aberratiodontuiformes
  • Aegotheliformes
  • Aepyornithiformes
  • Alexornithiformes
  • Ambiortiformes
  • Anseriformes
  • Apodiformes
  • Apterygiformes
  • Archaeopterygiformes
  • Bucerotiformes
  • Caprimulgiformes
  • Casuariiformes
  • Cathayornithiformes
  • Chaoyangornithiformes
  • Charadriiformes
  • Ciconiiformes
  • Coliiformes
  • Columbiformes
  • Confuciusornithiformes
  • Coraciiformes
  • Craciformes
  • Cuculiformes
  • Dinornithiformes
  • Eoenantiornithiformes
  • Euenantiornithes Incertae Sedis
  • Euornithiformes
  • Eurolimnornithiformes
  • Falconiformes
  • Galbuliformes
  • Galliformes
  • Gastornithiformes
  • Gansuiformes
  • Gobipterygiformes
  • Gaviiformes
  • Gruiformes
  • Hesperornithiformes
  • Ichthyornithiformes
  • Liaoxiornithiformes
  • Liaoningornithiformes
  • Lithornithiformes
  • Longipterygiformes
  • Musophagiformes
  • Omnivoropterygiformes
  • Opisthocomiformes
  • Palaeocursornithiformes
  • Passeriformes
  • Patagopterygiformes
  • Pelecaniformes
  • Phoenicopteriformes
  • Piciformes
  • Podicipediformes
  • Procellariiformes
  • Psittaciformes
  • Protoaviformes
  • Protopterygiformes
  • Pteroclidiformes
  • Rheiformes
  • Saurornithes Incertae Sedis
  • Sphenisciformes
  • Strigiformes
  • Struthioniformes
  • Tinamiformes
  • Trochiliformes
  • Trogoniformes
  • Turniciformes
  • Upupiformes
  • Yandangithiformes
  • Yanornithiformes
Fontes:
http://www.institutoaqualung.com.br/info_aves16.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ornitologia
http://www.wildanimalsonline.com/birds/