sábado, 24 de março de 2012

O CORRICHADO E SEU DESENVOLVIMENTO

O CORRICHADO E SEU DESENVOLVIMENTO
        Teremos de considerar vários aspectos que normalmente surgirão durante a "Época do Corrichar" e que interferirão no desenvolvimento do corrichado. O problema a meu ver resume-se em entendermos o porque do Corrichar, e como desenvolve-lo corretamente para atingir suas finalidades e objetivos. Esta fase, excluindo-se o processo de Vetorização do canto, é sem dúvida a mais importante e complexa entre todas no desenvolvimento e formação do canto Vetorizado nos filhotes dos Curiós. O Corrichar nada mais é que um conjunto de exercícios de vocalização com vistas ao desenvolvimento da Seringe órgão responsável pelas vocalizações dos elementos sonoros (assovios) Vetorizados no filhote, portanto se constitui etapa pós-vetorização e deve manifestar-se no período compreendido entre a Vetorização do Canto e a Muda de Ninho aos quatro meses de idade.
        Vejamos:

        1. Filhote que corricha pouco o faz por se encontrar isolado
Em um ambiente desprovido de estímulos tais como um rádio ligado, CD-R intercalado com som de Cachoeira e água corrente, gravação de outros filhotes corrichando etc. São nesta fase, indispensáveis ao estimulo do "Corrichado".
        2. Sabemos que o temperamento extrovertido e irrequieto, alegre e brincalhão (pois os filhotes de Curiós "Brincam" como se fossem crianças) dos filhotes, tem nos levado a equipar a sua gaiola com elementos ocupacionais experimentais reduzindo sensivelmente o Stress, caso contrário corricham pouco e buscam ocupar-se todo o tempo brincando com:
        · O comedouro, jogando fora às sementes proporcionando um alto índice de desperdício das mesmas.
        · O bebedouro, proporcionando um alto consumo de água (está sempre vazio), pois se excitam ao jogar fora a água.
        · Jogam fora todo o "Grite" que disponibilizamos em sua gaiola.
        · Rasgam e puxam o papel do fundo com muita freqüência.
        · Destroem a capa da gaiola puxando as costuras internas, promovendo às vezes o enroscamento do seu bico, pernas ou língua, bem como engolem fiapos de tecido ou mesmo linhas provocando às vezes a sua morte. Devemos usar capas pespontadas e desprovidas de costuras internas e fiapos que se soltam ao serem puxados.
        · Costumam entediados atirar-se com certa violência contra o tabuleiro da gaiola, tal prática chega a nos assustar.
        · Praticam acrobacias do tipo "Salto Mortal" e alçam vôos em círculos saindo pela tangente.
        · Brincam e até brigam com o "osso de ciba" e "dorminhoco" provocando às vezes acidentes com o enroscamento da anilha no elemento de fixação do asso de ciba nas "Talas" da gaiola.
        · Costumam entrar em vasos de boca estreita e utilizados como porta "Tiririca". Se não forem socorridos a tempo morrem.
        · Alguns vitimados pelo Stress entram no compartimento do cocho escondendo a cabeça por baixo das extremidades do mesmo quando os removemos para limpeza. (Baixar o volume da instrução de canto nestes casos).
        · Apresentam DPA - Distúrbio de Plumagem e viciam em comer os canhões das penas, uma vez instalado o DPA o filhote atrasa todo o processo do Corrichar.

        Os aspectos por nós observados são vários, citei apenas alguns para exemplificar o pouco "Corrichado" em filhotes que se estressam entediados por falta de uma Terapia Ocupacional. Terapias ocupacionais nesta fase são estimulantes do Corrichado. "Filhotes de curiós brincam como crianças" e nós precisamos disponibilizar alguns brinquedos para que brinquem e cumpram o "Corrichar" com êxito e bom desenvolvimento.
        O fim do Corrichado caracteriza-se pelo surgimento dos primeiros assovios, se o filhote não cumpre com êxito o Corrichar retardará os assovios, pois não desenvolveu convenientemente a "Seringe" (membranas e músculos seringiais) ainda antes da muda de ninho, por motivos anteriormente mencionados. Podemos afirmar que esta fase é a mais importante na vida de um Curió, pois é o momento em que o canto Vetorizado começa a se manifestar e precisa ser bem conduzido sem interrupções ou traumas que venham inibir as emissões e desenvolvimento dos primeiros elementos sonoros.
        O pós muda de ninho deve ser caracterizado pela ausência de corrichados e presença apenas de assovios. Nesta fase encontramos uma diversificação enorme de comportamentos (que no momento estamos pesquisando e catalogando) proveniente de um maior ou menor desenvolvimento Seringial. O pós muda caracteriza-se pelo surgimento e desenvolvimento do temperamento que não deve ser retardado sobre pena de colocar em risco todo o desenvolvimento canoro do filhote.
        Os aspectos do pós "muda" observados em filhotes Tecnicamente Vetorizados com ou sem a completa conclusão do "Corrichar" leva-nos a um vasto elenco de observações que fogem ao nosso propósito no momento, contudo registrarei o fato de que alguns filhotes continuarão a corrichar no pós muda cumprindo desta forma (tardiamente) o desenvolvimento Seringial.
        Num segundo grupo estão aqueles filhotes que continuarão os assovios até externar totalmente a mensagem canora vetorizada. Estes cumprirão o corrichado com bastante êxito e serão "Melhores Cantores".
        Num terceiro grupo encontramos aqueles filhotes que embora tenham concluído ou não o corrichar e apresentavam antes da muda de ninho a emissão de algumas notas assoviadas. Concluída a muda retornam ao Corrichar e permanecem nele por três meses aproximadamente como se tivessem que retornar ao início do processo. É como se o desenvolvimento da seringe fosse eliminado durante a muda e estes filhotes são tardios e normalmente pouco desenvolvidos. Registramos ainda a presença deste retrocesso no desenvolvimento Seringial de alguns Curiós que, depois de concluída a primeira muda de Preto "Muda Anual" retornam ao Corrichado como se tivesse esquecido tudo, e o repetem integralmente, apenas apresentando um desenvolvimento mais rápido.
        Este Texto tem como objetivo chamar a atenção dos criadores para o Corrichar e ajudar o entendimento deste complexo processo. Conhecedores do processo podem interferir com competência quando se fizer necessário. Antecipei neste texto alguns aspectos sobre Terapia Ocupacional dos filhotes de Curió "Os Filhotes Brincam" que no momento encontra-se como sendo a minha principal preocupação no sentido de entender as relações com o corrichar.

        Tenho tido informações de vários companheiros que adotaram o nosso método (Vetorização de Canto em Filhotes de Curiós) e que já estão colhendo excelentes resultados, acredito que no decorrer deste ano 2002 teremos alcançado um alto índice de aprendizado até então nunca atingidos pelos criadores iniciantes. Espero estar vivendo o início de um "Novo Momento da Criação Doméstica Do Curió".
        O CORRICHADO E SEU DESENVOLVIMENTO        Parte II

        Considerações
        É verdade, um filhote praticamente inutiliza o outro durante o aprendizado coletivo, o aprendizado deve ser individualizado.
        É fato conhecido de todos há muito tempo que os filhotes de Curiós ao atingirem os quatro meses de idade (se geneticamente aprimorados) estão com o canto completamente limpo de "Corrichados" expressam-se apenas com assovios e conjuntamente desenvolvem o temperamento com o surgimento dos primeiros sinais de "Territorialismo".
        São territorialistas e é nesta fase que surgem os primeiros aspectos desta característica, dentre eles as disputas de canto que leva um filhote a emitir um pequeno fragmento do canto para em seguida calasse, esperando a resposta dos demais, uma vez implantada esta disputa entre eles, ficam inutilizados para sempre, pois, adquirem o vicio de cantar fragmentos do dialeto ministrado, desinteressando-se pelo aprendizado e pela repetição não se desenvolvendo prejudicados pela troca de canto que se instala entre eles.
        Basta que um filhote execute um fragmento para que todos os outros interajam imediatamente com outro fragmento que com o passar do tempo se impregnam de vícios tais como "Gritos de Guerra" do tipo "Voiaquil" "Rinharinha" "Viviu" "Remrem" "Lecoleco" "Chauchau-Vi" ou Serradas etc.
        Como forma de demolir o temperamento dos companheiros da estante ou prateleira até que se estabeleça uma liderança no grupo. Reside aí nesta fase, o aspecto determinante do insucesso de todo o trabalho da maioria dos criadores que não dispõem de espaço para individualizar as Instruções de Canto e por este motivo "Discordam por Discordar" é que lhes faltam à base da observação, que dá consistência a metodologia científica.

        Os esclarecimentos destas questões dependem do nível de conhecimento dos aspectos aqui tratados por parte dos criadores pois, a metodologia a ser aplicada depende muito da base de informações e conhecimento principalmente dos comportamentos "Espontâneos na Natureza"
        Tenho baseado todo o meu trabalho nas observações que fiz e faço dos Curiós na Natureza, ainda abundantes em alguns "Sítios Ecológicos Preservados" da nossa região Sul da Bahia, não me baseio nos estudos de nenhum pesquisador nem ensinamentos sejam eles quais forem, principalmente se destoam das minhas observações, eu divulgo a minha experiência única e exclusivamente e toda ela é fruto de observação da "Natureza" ou dos experimentos que empreendo para formar minha opinião. Só concordo quando comprovo plenamente os fatos, não me importa de onde venha a informação, para mim ela será verdadeira se eu puder por em prática e comprovar caso contrário fica como informação genérica a comprovar. Era este o esclarecimento que queria fazer.
        Tenho observado em vida Silvestre que os filhotes de Curió ficam independentes dos pais quando completam algo em torno de 30 dias de nascidos, e permanecem no seu convívio por mais 15 dias quando se intensifica o "Corrichar" que ao se instalar passa a incomodar o pai que os expulsa do "Território". Nesta fase os filhotes expulsos dos diversos territórios se agrupam em bandos para a prática do "Corrichar" e, parecem buscar as margens dos Regatos, (aí são encontrados) Corredeiras e Cachoeiras para se estimularem, e desta forma desenvolverem um corrichar intenso.
        Nesta fase já se encontram com o Dialeto do Pai completamente Vetorizado (vetorização espontânea ocorrida durante o período de dependência dos pais) dependendo apenas do desenvolvimento Seringial para produzirem os primeiros assovios, o período do "Corrichar" é variado entre os filhotes que também possuem idade variada dentro do bando, logo acreditamos que o período do "Corrichar" em filhotes de Curiós Selvagens dure cerca de 6 meses, (período este reduzido para metade com a estimulação e o aprimoramento Genético em domesticidade) logo, temos convicção de que durante o "Período do Corrichar" os filhotes não vetorizam absolutamente nada em termos de informação canora pois já o fizeram com a "Vetorização Espontânea" durante o convívio com os pais, agrupam-se para Corrichar e buscam estímulos na própria natureza, daí as minhas preocupações com o estímulos do Corrichar em domesticidade.
        Estamos convencidos de que o corrichar nada mais é que exercícios de desenvolvimento da "Seringe" ou melhor, das membranas seringiais em número de duas para a produção dos assovios. A medida que surgem os assovios o "Bando"' automaticamente se desfaz por motivos Territorialistas. Temos observado, que os filhotes em fase de Abertura dos Assovios procuram os trechos mais barulhentos do Rio para Assoviar, é como se buscassem uma proteção aos assovios dos outros companheiros que também se comportam da mesma forma originando-se aí o princípio dos Territórios.
        Observamos que, mesmo na natureza, os filhotes buscam o isolamento no barulho das águas das Cachoeiras para Abrirem Os Assovios, é a proteção natural, e como fica em domesticidade?
        Esta é a nossa observação da "Natureza" contudo cabe ressaltar duas linhas distintas de conduta por parte do criador na domesticidade da criação. As limitações (escassez) de espaços para desenvolver a contento o acompanhamento e lapidação do canto dos filhotes nos obrigam a duas linhas distintas de conduta.
        1. Primeira Linha
        Confinamos os filhotes provenientes de ninhadas especiais conjuntamente com a sua mãe a partir do 16° (décimo sexto) dia de vida (logo após a saída do ninho) em Caixas, Cabines ou Gabines de Vetorização com ventilação mecânica e sonorização embutida controlada por Timer, sensores ou Computador. Ministramos as Instruções de canto de nossa preferência mediante CD-R DIDÁTICO DE INSTRUÇÃO e específico para tal finalidade. Recomendamos a leitura dos seguintes artigos disponibilizado no Site: www.curioonline.hpg.com.br
        · VETORIZAÇÃO EM FILHOTES DE CURIÓ
        · CONFINAMENTO VISUAL DO CURIÓ
        · CRITÉRIOS DE SELEÇÃO & CONCEITOS
        Ao completarem trinta dias de nascidos, os filhotes confinados já se encontram completamente vetorizados (este período corresponde à permanência dos mesmos junto aos pais em vida Silvestre). Devem em seguida ser apartados encapados e confinados. Segundo o artigo CONFINAMENTO VISUAL DO CURIÓ.
        2. Segunda Linha:
        Procedemos de forma idêntica a primeira "Linha" quanto à "Vetorização de Canto", contudo os filhotes por motivo da quantidade e dos custos financeiros (investimento) do espaço necessário ao confinamento, são encaminhados para uma prateleira a onde ficam em grupo isolados visualmente porem compartilhando da mesma instrução de Áudio e escutando-se mutuamente durante todo o "Corrichado", ora, sabemos que o corrichado é um exercício, (estamos convencidos disto) e que neste período não ocorrem vetorizações, sabemos ainda que o corrichado de um filhote estimula o do outro e que buscam o som das águas para se estimularem, sabemos ainda que sendo o corrichado um exercício, quanto mais se praticar melhor, porque mais rapidamente abrirão os assovios possibilitando a formação do canto em tempo recorde. Devemos apenas evitar o "cantar sem fim" de alguns "Filhotes Especiais" na fase de ABERTURA DOS ASSOVIOS.
        À medida que a Seringe começa a ser capas de produzir assovios uma sobrecarga provocará a temida "ROUQUIDÃO" do filhote muito freqüente, podendo leva-lo inclusive a morte.
        Devemos ficar atentos ao desenvolvimento do Corrichado, que dura de 45 a 90 dias em filhotes aprimorados, precisamos observar o surgimento dos primeiros assovios para efetuarmos a identificação do filhote e a sua exclusão do grupo, pois inicia a abertura dos assovios e neste momento procederemos ao confinamento, estes cuidados são indispensáveis. Caso não se faça de imediato, instalar-se-ão no grupo os mencionados aspectos TERRITORIALISTAS anteriormente mencionados inutilizando todo o grupo.
        As disputas que se instalarão com trocas de "Fragmento" de canto inutilizará todo o grupo. Devemos acompanhar o desenvolvimento da abertura dos assovios e a lapidação do canto de forma individualizada, pela própria observação da Natureza.
        A afirmativa de que "O corrichado que estimula é o mesmo que atrapalha" é totalmente equivocada e não deve ser levada em conta, devemos observar os acontecimentos, cada um em suas respectivas épocas, Corrichado, Abertura de Assovios e Formação de Canto.
Autor
Gilson Ferreira Barbosa
gilsonferreirabarbosa@hotmail.com
Tel - 73- 211 8233 613 4442
Rua da Espanha, n° 86.
Itabuna-BA. CEP- 45.605-130
Fonte: http://www.cantoefibra.com.br/

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